Entre os profissionais que trabalham em escritórios sem exercer cargos de chefia, 35% têm sinais de estresse e a pressa se tornou uma constante.
Um estudo da psicóloga Marilda Lipp, pós-doutora pelo National Institutes of Health, dos Estados Unidos, autora de 22 livros e uma das principais referências nos estudos das causas, consequências e tratamento do estresse no País, revelou que entre os executivos brasileiros, o índice de estresse também aumentou dramaticamente. “Há 10 anos, o porcentual de executivos brasileiros com estresse era de aproximadamente 45%. Agora, ultrapassa 59%”, diz Lipp.
Dos profissionais que trabalham em escritórios sem exercer cargos de chefia, 35% têm sinais de estresse e “a pressa se tornou uma constante”, afirma. Importante destacar que, não por acaso, os participantes disseram sofrer de doenças que têm forte relação com o estresse, como hipertensão, asma, gastrite, depressão, doença do pânico e ansiedade. Esta última, em 55,6%.
No caso das doenças psicossomáticas, gastrite (32,64%) e asma ou outra doença respiratória (20,45%) lideram. E, para aliviar o estresse, 63% fazem atividade física (o que é ótimo!); 53% comem (o que é péssimo); 62,45% rezam ou fazem irradiações mentais; 38,53% fazem compras; 21,81% procuram calmantes; 15,83% procuram um centro espírita; 10,39% procura um pastor; 9,75% fumam cigarros, entre outros. Além disso, 75% conversam com amigos ou familiares para aliviar o estresse.
A especialista sugere algumas alternativas para reduzir o estresse negativo no trabalho, para empregados e empregadores: melhorar o relacionamento com colegas, chefes e subordinados; controlar o estresse e a raiva; gerenciar bem o tempo de cada atividade; realizar testes periódicos de estresse; buscar horários flexíveis; campanhas de esclarecimento e repúdio ao assédio moral; sala de relaxamento; atividade física e alimentação adequada (convênios com academias e nutricionistas).
Complementar a essas informações um estudo realizado em 2015 pela International Stress Management Association (Associação Internacional do Controle do Estresse) aponta o Brasil como o segundo país com o maior nível de estresse do mundo. De cada dez trabalhadores, três pelos menos sofrem da chamada Síndrome de Burnout, esgotamento mental intenso causado por pressões no ambiente profissional. Os principais estressores: 89% desequilíbrio entre esforço e recompensa; 78% falta de tempo (longa jornada) e 63% relacionamentos interpessoais.
Mais alarmante ainda é que, segundo Lipp, “são poucas as empresas que assumem a responsabilidade sobre o nível de estresse de seus empregados e possuem programas efetivos de prevenção”.
Link original > https://economia.estadao.com.br/blogs/radar-do-emprego/o-alto-nivel-de-estresse-e-a-responsabilidade-das-empresas/
Veículo: Estadão
Autor: Marcelo Treff, professor da PUC.